Só
no Sapatinho...
Por Danuza Nogueira - Aluna do 8º período do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza
Por Danuza Nogueira - Aluna do 8º período do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza
Marina era uma
menina normal, até que um acidente a deixou com uma deficiência em uma de suas
pernas, uma delas ficou menor que a outra. Devido a isso Marina foi obrigada a
usar apenas sapatos modificados, que, embora fossem até bonitos, eram
diferentes dos sapatos usados pelas meninas de sua escola.
- Mãe, eu queria tanto um sapato
igual ao das meninas do colégio. Compra para mim? – ela pedia a sua mãe.
- Marina, minha filha, não podemos
agora, um dia eu compro – respondia a mãe.
Marina insistia todos os dias para
que sua mãe comprasse o sapato da moda:
- Mãe, e esse mês? Você pode comprar
o sapato para mim? – pedia ela mais uma vez.
- Marina, não podemos! Já disse! Um
dia eu compro. – respondia sua mãe.
O que a mãe de Marina não sabia é que
na escola ela estava sendo alvo de piadas dos colegas, que riam dela por usar
um sapato diferente, o que a deixava muito chateada.
Sempre na hora da saída, um grupo de
meninos e meninas se reuniam no pátio para espera-la passar com seu “sapatinho
diferente” e começavam a cantar uma música e a gritar para ela:
- Vai Marina, “só no sapatinho oh
oh, só no sapatinhooo...”
Nem todos cantavam e gritavam para
ela, mas todos, de certa forma, contribuíam para ridicularizá-la, rindo dela. O
episódio se repetiu durante quase todo o ano letivo.
Com o tempo e as piadas dos colegas,
Marina se tornou uma menina fechada e tímida e passou a ter dificuldade para se
relacionar com as pessoas.
Em casa Marina ainda insistia:
- Mãe, compra o sapato para mim, por
favor, compra? – implorava ela à mãe.
- Marina, minha menina não podemos
comprar agora, já disse, quando der eu vou comprar. – era sempre a mesma
resposta.
Em um belo dia, Marina estava muito
chateada e, ao sair da sala de aula rumo à saída, se deparou com a cena que se
repetia todos os dias: uma roda de meninos e meninas à sua espera cantando e
gritando para ela:
- vai lá Marina:
“só no sapatinho oh oh, só no sapatinhooo...” – cantavam entre gargalhadas.
Foi então que Marina, num excesso de
fúria, jogou para o lado sua mochila e cadernos e foi para o meio do pátio,
deixando todos sem entender sua atitude, uma vez que sempre passava muito
rápido pelo pátio a fim de não prolongar seu momento de vergonha.
- O que ela está fazendo? – perguntavam-se
todos
Foi quando Marina, parada no meio do
pátio, visível a todos que a humilhavam, começou a sambar ao ritmo do samba que
todos os dias eles cantavam para ela.
- Cantem, vamos, continuem cantando
– ela pedia enquanto sambava e ria alegremente.
Todos começaram a cantar ao seu
redor e tudo virou uma grande diversão. Outras meninas se juntaram a ela,
dançando.
Depois desse dia, Marina voltou a
ser a menina extrovertida que sempre fora antes que começassem a caçoar dela.
Continuaram a cantar para ela, quando ela passava pelo pátio, mas agora não
havia mais o tom de zombaria, pelo contrário, queriam que ela dançasse, e
sempre que tinha tempo antes de ir embora, ela dançava um pouco, e por fim,
acabou se tornando amiga de todos.
A
grande questão não é o que fazem com você, mas o que você faz com o que fazem
com você.
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