sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Meu conto

O que é ser professor? Esta é a frequente dúvida dos licenciandos. Mediador do conhecimento? Condição de trabalho? Valorização da profissão? Relação docente x discente... Muitos receios !!!!...Desafios!!!!
A escolha da escola para cumprir o componente curricular previsto no Curso, apresenta-se como um desafio diante às tantas incógnitas no campo educacional. Feita a escolha, vamos nós para o primeiro dia de mais uma das etapas práticas do estágio.
Logo na entrada, vejo a modernidade, seja pelo uso de cores, estrutura física (salas de aula, espaços de interação alunos e professores, etc.), mas ao entrar, vejo a presença do igual e do tradicional, que apesar dos recursos tecnológicos disponíveis para o professor, nota-se a mesma prática de ensino, aulas no formato de palestras, alunos ouvintes, pouca participação.
O dado diferente do tradicional para modernidade é marcado pelo uso, por parte dos alunos, de celulares e tablets. O espaço de aprendizagem notado são salas “lacradas”, ou seja, portas e janelas fechadas, ar condicionado (que frio!!). Tendo como descrição, o foco em manter a atenção do aluno a “palestra” dos diferentes professores. O foco aprendizagem é voltado para o resultado positivo em provas do ENEM e de vestibulares. O foco é preparar o aluno para o sucesso. O foco é ter alunos que possibilitem resultados positivos, tanto que o aluno reprovado não permanece na escola. Busca-se, a todo momento, a excelência.
Nota-se a substituição de livros didáticos por apostilas planejadas e construídas por um sistema de ensino privado. A escola é conteudista (prepara o estudante para processos seletivos diversos). Professores sem autonomia.
Acessibilidade? O que é isso? Uma escola moderna com uma estrutura física conservadora, muitas escadas. Fiquei pensando no aluno, no professor, no estagiário “diferente”, como fariam. Não vi, durante o meu percurso, a preocupação com diversidade, com a educação e direitos humanos.
Mesmo com limites, o professor “Michael” buscava ser criativo, provocando os alunos, buscando interação. Utilizando de exemplos atuais para ministrar o conteúdo estabelecido nas apostilas. Independente das atividades já estabelecidas na apostila, aplicava outros.
E a coordenação pedagógica geral? Um momento marcante foi quando ao ser perguntada sobre a existência de uma avaliação institucional, a coordenadora gaguejou, engasgou, tossiu, ( o momento me preocupou em pensar que não sabia socorrê-la  rs...)..., silêncio presente e a busca de uma resposta que não demonstrasse uma incoerência ou inconsistência. Uma preocupação com uma exposição negativa da escola para alguém (eu estagiária) que estava de passagem. Percebendo, confesso, tive vontade de rir, mas me contive, até porque me coloquei no lugar dela. Foi quando obtive a resposta que, particularmente, já esperava: “Avaliação institucional? Existe sim, ela é feita a partir dos resultados dos alunos nas provas, nos simulados, no ranking nacional”.

Retomo a minha pergunta, o que é ser professor? Qual o papel da Escola? O que ensinar? E o aprendizado? O conhecimento, de que forma se dá? 

“O salário oh!”



Sentado no ponto de ônibus olhando o relógio pela quinta vez. Tendo passado quarenta
 minutos e o  transporte não vinha. A tensão de chegar atrasado no primeiro dia de estágio começava a tomar meu corpo e como primeira consequência começava a lamentar o fato de ter escolhido uma escola tão distante de minha casa. De repente o ônibus surge, retomo o ânimo e a empolgação de conhecer uma escola da zona rural ressurge.
            Chegando à escola sou apresentado à diretora, ao professor com quem estagiarei e me conduzem por uma rápida visita à escola e em seguida sou conduzido à sala de aula. Sou apresentado aos alunos e o professor começa a lecionar. Observo-o com atenção, me imaginando em seu lugar, refletindo sobre o que eu faria de diferente. Em determinado momento os alunos iniciam uma algazarra e o professor pede silêncio: "-Moçada vamos lá! Eu ganho para dar aula e não para aguentar a bagunça de vocês. Aliás, mesmo pra primeira, eu ganho muito pouco." Ainda refletia o quão diferente seria minha abordagem quando sou surpreendido por um aluno: "- Que isso fessor, ocê ganha bem pra caramba, eu trabalho um monte e ganho nem metade do que tu ganha."

            Tomado pelo furor pedagógico realizo minha intervenção, afinal sempre soube que a profissão que eu havia escolhido seria mal remunerada, mas pensava que isso seria de conhecimento de todos, mas principalmente que de meus alunos: Inicio buscando uma abordagem lúdica: "-Vocês viam a Escolinha do professor Raimundo?"
            A classe responde em coro: "- Nãaaaao"
            Concluindo o quanto estou ficando velho, busco uma nova abordagem: " - Vocês sabem quanto ganha um professor na Coréia do Sul?"
            Mostrando-se resistente meu debatedor dispara: "- Fessor ocê sabe quanto ganha um lavador de ônibus na Coréia?"

            " - Um lavador de ônibus na Coréia, ganha bem mais do que no Brasil e possivelmente trabalha menos, pois a lavagem lá é mecanizada, o lavador só opera o equipamento. O motivo dele ganhar mais que seu colega de ofício brasileiro é o fato de ele ter tido uma educação melhor e esta diferença educacional se dá entre outros motivos pelo fato dos professores na Coreanos ganharem uma remuneração muito melhor do que no Brasil. Todos nós merecemos ganhar mais, mas para isso é preciso termos uma educação de qualidade e esta qualidade exige uma remuneração mais digna aos professores." A turma fez um "uhhh"e o aluno sentou resmungando um "- Tendi." Após o debate a aula foi encerrada. Enquanto esperava mais uns quarenta minutos pelo ônibus de volta, ficava imaginando minha próxima intervenção em sala de aula e desfrutando do prazer indescritível que é ser professor.
          

A prova de Geografia

Num dia em que poderia ser como qualquer outro, para qualquer pessoa comum, algo inusitado aconteceu em uma pacata escola pública da zona rural, numa cidadezinha do interior. Havia uma adolescente chamada Maria Heloísa que ia à escola todos os dias, mas num dia de entrega das notas de provas realizadas de geografia, algo surpreendeu:
 A professora Eva chama os alunos conforme ia pegando as provas:
- João, sua prova! Parabéns! Continue sempre assim. Disse a professora Eva.
Os colegas de classe ficaram apreensivos para receberem suas notas e olhavam atentamente para professora com a voz pesada e trêmula, devido a sua avançada idade.
Maria Heloísa, sentada no fundo da sala, exibia uma expressão confiante e contente, com seu uniforme limpo e arrumado e com seus cachos – úmidos, negros e soltos.
Chegou a hora mais esperada para Maria Heloísa:
-Maria Heloísa, sua prova, venha buscar! Disse a professora Eva.
Maria Heloísa levantou-se sorridente em direção à sua professora, e esta lhe disse:
-Parabéns, querida! Novamente, você conseguiu me surpreender. Outra nota zero!
Maria Heloísa, respondeu:

- Fazer o quê, professora?! Eu já sabia. Num estudei mermo. Risos

Namoro na escola

No Colégio, um casal de namorados se encontrava em uma das salas do 9° ano. Apaixonados e ligados um ao outro, Ana Luiza e Pedro, começaram a namorar na metade do ano. A partir desse período, na qual Ana Luiza foi mudada de turma, cursando o restante do ano na sala do Pedro, a nota dos dois caiu bastante. Pedro, sempre sentado na frente de sua namorada, assistia suas aulas virado para trás, debruçado na carteira do seu “amor”. A conversa, bilhetes e trocas de mensagens pelo celular, “rolavam soltas” todo tempo. O Pedro nem mesmo copiava do quadro as informações do conteúdo passado pelo professor, e muitas vezes quando havia atividades valendo nota, corria para pegar com os colegas ao lado. O mais triste de tudo, é que no final do ano o Pedro ficou de recuperação e a Ana Luiza passou raspando segundo seu professor de Geografia.

Mas será que o professor não deveria ter estratégias para ajudar os mesmos a amadurecerem e dar prioridade a educação a tempo? E ajudá-los a separar sala de aula e namoro? Ou o educador não tem obrigação de fazer esse tipo de avaliação e trabalho em sala? Realidades como essa são observadas em muitas salas de aula e o professor deve estar capacitado a lidar com eles. Tendo como prioridade o desenvolvimento cognitivo de cada aluno, percebendo suas limitações e bloqueios educacionais. E você, o que faria nessa situação? Quais seriam suas estratégias?

Futuro rifado

Era uma vez uma turma de Ensino Médio muito grande, cerca de 45 alunos. Eu, uma estagiária, que não tinha muito tempo para ficar com eles. Todos os dias, eu chegava nesta turma e não tinha nem uma carteira para eu sentar. A turma era muito bagunceira, as carteiras ficavam fora da fila, eram usadas para colocar os pés e os materiais, havia lixo no chão e muita algazarra. Eles mal respeitavam o seu próprio professor e eu ficava a me perguntar se eles me respeitariam.
Até que um dia, uma menina - em plena aula - me pediu para comprar uma rifa, disse que era para a formatura da turma. Não demorou e juntou em minha volta um grupinho insistindo para eu comprar a rifa, disse simplesmente que depois da aula a gente conversava, pois estávamos atrapalhando. Até que a aula acabou e elas vieram novamente pedir para eu comprar a rifa, perguntei sem medo como elas poderiam estar pensando em formatura se mal prestavam a atenção na aula, se elas achavam que tinham feito um bom Ensino Médio e se estavam preparadas para enfrentar o mundo lá fora. Pedi para que olhassem em volta da sala e vissem a zona que estava àquela sala de aula, então me levantei e comecei a recolher o lixo no chão e a arrumar as carteiras no lugar, então elas vieram me ajudar.

     Comprei a rifa e disse que no dia seguinte daria uma aula de um assunto muito interessante e que deveriam prestar atenção. No dia da aula, quando cheguei, elas deram um “Bom dia, professora!” e arrumaram uma carteira para eu sentar até que o professor anunciou a minha aula e pediu a colaboração de todos. Acho que isso ajudou um pouco para o desenvolvimento da aula já que as próprias alunas chamavam a atenção de seus colegas quando começava a tumultuar.

História de uma adolescente

Quando acompanhei as aulas como estagiária co-participativa, ajudei a professora Sandra a aplicar um trabalho, que foi uma apresentação em grupo, e uma aluna me chamou muito a atenção. Luana era uma adolescente de 17 anos e ainda se encontrava no 1° ano do Ensino Médio e na apresentação dela, enquanto todos os alunos levavam com seriedade aquele trabalho, ela levava tudo na brincadeira. Quando foi informar a nota a aluna, a professora Sandra falou: - Sua Nota! Zero de novo Luana, você ainda não se acostumou com isso!? Quando ouvi isso, fiquei perplexa!

Outro dia, quando estava em sala, na hora do intervalo, Luana veio conversar comigo. Perguntou por que eu havia escolhido a profissão de professora. Falei para ela sobre minha paixão por Geografia e da importância do professor na nossa formação pela vida. Ela me ouviu atenta. Então, aproveitei para perguntá-la por que havia apresentado o trabalho daquela forma. Então, ela começou a me falar da vida dela. Disse que tinha os pais separados, a mãe não se importava com ela, a avó que ela mais amava havia falecido há duas semanas, e o pai dela ha dois anos que não a procurava. Ela me falou que ninguém se importava como estava indo na escola e que ela estava desmotiva para seguir. Isso me levou a uma série de reflexões sobre o comportamento da Luana e dos demais alunos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Momentos de um estagiário

No inicio foi um pouco complicado ter alguém disponível para dar informações, até mesmo porque o meu tempo disponível muitas vezes não era compatível com os profissionais que poderiam esclarecer minhas pesquisas, mas no decorrer de contatos e diálogos consegui dobrar e vencer esta dificuldade.

          Fatores que analisei foram as diferenças em relação aprendizado nas aulas dos alunos, em que expor conteúdo somente teoricamente dificultava muitas vezes o entendimento e concentração destes alunos, e quando ocorria uma forma mais interativa a aula se tornava mais participativa e com resultados mais  positivos em relação ao aprendizado, o que prova que os métodos tradicionais de ensino pode muitas vezes apagar a possibilidade de um aluno fluir, pois a pouca maturidade do estudante pode dificultar o entendimento direto da necessidade de concentração destes na aula teórica, e até impedir o professor de notar as dificuldades de alunos que numa forma tradicional não saberiam expressar estas dificuldades, já numa aula dinâmica se dar abertura a exposição de experiências, idéias e questionamentos fazendo assim o professor conhecer melhor os alunos. Isto como observadora conseguir ver na sala de aula, tem como sentir uma aula com um bom rendimento em que se ver  alunos satisfeitos e infelizmente em outras aulas aluno entediados.

        Concluo que além da dificuldade de comunicação no início o qual foi resolvida e consegui atingir as metas necessárias para respostas que precisava, o desenvolvimento do estágio foi de extremo aprendizado para mim, em que o meu contato com  6º ao 9º  e  ensino médio me impressionou, com a sede do novo, com os planos dos alunos e infelizmente com o comodismo de alguns, mas reforço que uma boa aula pode aguçar todo esta curiosidade do aprender destes, que podem sentar nestas cadeiras que sento hoje em dia na faculdade, ou até mesmos na cadeira de salas para técnico em que já sentei um dia. O interessante é mostrar para estas mentes que sempre teremos o que aprender e descobrir e o melhor é sempre buscar aprender e descobrir!

Escobar no reino de um estagiário


E


ra uma tarde. Treze de junho de dois mil e treze, quinta-feira. Escobar se prepara e sai para estagiar, desce pela Rua JPX. Já são quatorze horas e a aula de geografia na 802 começa daqui a dez minutos. É preciso andar bem rápido! Sorte de Escobar que entre ele e a escola tem apenas uma ponte para atravessar e em cinco minutos conseguirá cruzar o portão de entrada do colégio.
Ufa, que correria! Escobar chega à escola, saúda Luz, a senhora responsável pela portaria e já se dirige à sala de número cinco, a sala da turma 802. Poucos alunos estavam no recinto, pois o professor antecedente à professora de geografia havia liberado a turma alguns minutos antes do sinal, mas era perceptível uma grande quantidade de mochilas sobre as mesas (durante a aula, pode-se constatar a presença de vinte e oito alunos). Escobar cumprimenta os alunos, pede licença e procura, logo, um lugar no fundo da sala em posição estratégica para que pudesse observar todos ao mesmo tempo. Era o sexto dia de Escobar no campo de estágio e a primeira vez naquela turma. Para os alunos tudo parecia novidade, alguns perguntavam:
_ Você é aluno novo?
_ Vai estudar com a gente?
_ O que está fazendo aqui? Veio nos vigiar?
_ Veio substituir a professora?
Era necessário ter paciência e responder cada questionamento, explicando a cada um que ele era apenas um estagiário. Para alguns era difícil compreender a função de um estagiário, então, por alguns minutos foi necessário explicar com detalhes a sua função naquele lugar. Uns compreenderam, outros se espantaram repudiando a pessoa do professor enquanto profissional: _ “Professor! Isso não dá dinheiro”.
Talvez esse seja o maior interrogatório em menor tempo, parecia um Tribunal Romano, mas todo esse turbilhão logo foi encerrado, a professora chegou...
Catarina. Professora Catarina, esse era o seu nome (derivado do grego e com um belo significado: pura. Quanta pureza!). Saudou a turma com boa tarde, deixou a bolsa sobre a mesa e retornou à sala dos professores. Demonstrou ter esquecido alguma coisa, e realmente esqueceu. Voltou à sala de aula com um Mapa Mundi na mão. A turma parecia uma colmeia zangada, o barulho era espantoso. Escobar permanecia sentado, apenas observando e respondendo aquilo que lhe perguntavam. Catarina pede silêncio, o ruído diminui.
Junho de dois mil e treze era um momento especial para o esporte brasileiro, ou melhor, para o futebol, naquela semana se daria a abertura da Copa das Confederações. Este foi o motivo que fez Catarina retorna à sala dos professores e trazer consigo um mapa. Durante a semana ela assistiu pela TV uma reportagem sobre as delegações participantes da Copa das Confederações e muitos telespectadores estavam confundindo Taiti, Haiti e Havaí, ou diziam desconhecer tais territórios.  Catarina então justificou com os alunos que esse não seria o tema da aula, mas que na condição de professora de geografia era necessário esclarecer estas dúvidas. E assim fez.
Com toda essa cerimônia já se passavam uns vinte e cinco minutos da aula. Então Catarina pede para que abram os livros na unidade oito. Nesse instante a aula é interrompida... João, aluno daquela turma resolve chegar para aula naquele momento, até aí tudo bem, “melhor chegar atrasado que não vir”, argumentou um colega. João pede licença. A professora concede. Não satisfeito somente em chegar atrasado, entra em sala e já começa a perturbar a atenção dos colegas, chama, puxa, fala, pega o celular, interrompe Catarina. Por algumas vezes Catarina pediu silêncio, mas de nada adiantou. “Paciência tem limite”, brada a professora com os olhos arregalados e com a aparência de um ser que encontra uma assombração. Escobar fica constrangido, mas procura não demonstrar.
_ Fora! Saia da minha aula. Chega atrasado e não dá sossego, da próxima vez não venha, gritava Catarina.
Abre-se, nesse momento, um parêntese na imaginação de Escobar: estaria a professora estressada e sua atitude foi influenciada por tal estresse ou não? Ou quem sabe, realmente, o João estava atrapalhando o desenvolvimento da aula? Talvez um pouco mais de diálogo resolvesse a situação. A confusão mental, por alguns segundos, pairou sobre a cabeça do estagiário Escobar.

Catarina pede a Bia (aluna da classe) que chame Belinha, para quem não conhece, é a inspetora de alunos. Belinha veio e levou consigo o João (...). Após esse contratempo a aula seguiu normalmente, Catarina concluiu a explicação do conteúdo e aplicou uma atividade. O sinal bateu, já se passavam das quinze horas e quarenta minutos. O tempo acabou. Catarina deixa o seu último recado: “na próxima aula teremos revisão para a prova”. Os alunos saem. Nesse momento, fica na sala somente Catarina e Escobar. O estagiário solicita que ela assine a ficha de registro do estágio. Em seguida agradece, deseja-lhe uma boa tarde e retira-se da sala.

O ENCANTO DE UM CONTO GEOGRÁFICO

Certa vez, em uma escolhinha que se chamava Riacho Molhado, havia uma turma de 9.° ano, que era composta por 34 aluninhos presentes.
Nessa turminha, destacavam-se por seu caráter e poder de dispersão das aulas um grupinho, que era denominado de Club do Boloinha. O Club do Bolinha, era formado por Clóvis, Eurípedes, Francisquinha, Valdo e Alessandra Janaína.
Durante as aulas ministradas pela professora Fernanda Militão, a inquietude e os zumbidos na sala era constantes, provocados pelo Club do Bolinha. A professora Fernanda Militão ao ver todo aquele barulho, chamava-os a sua atenção, no entanto, era questão de minutos para que todo aquele “zum zum zum “ voltasse a circular pela sala e a aula novamente ser interrompida.
No entanto, certa vez, quando apareceu um estagiário, cujo nome estranhamente era chamado de “Marte”, e começou a freqüentar as aulas da professora Fernanda Militão, a turma receosa começou também a observar Marte.
Alguns dias se passaram, e Fernanda Militão concedeu uma de suas aulas para que Marte já “conhecendo a turma”, pudesse lecionar a respeito de um determinado tema que até então era tachado como Chato pela turma em geral. Chegado o Dia, Marte chega na sala, e antes mesmo do boa tarde, Alessandra Janaína, Valdo e Clóvis o recepcionam logo com uma pergunta: Será você que dará aula hoje? Marte respeitosamente responde dizendo que sim, e que além disso, a aula seria na sala de vídeo.  Logo que souberam que a aula seria ministrada na sala de vídeo, Eurípedes e Francisquinha foram os primeiros a correr para a sala para marcar seus lugares no “fundão”.
Começado a aula, Marte conversou um pouco com a turma, e logo anunciou que a turma assistiria um vídeo que ajudaria no entendimento da aula. O vídeo começou e a turma se calou! Depois que terminou o vídeo, Marte levantou algumas provocações a respeito do tema, relacionando com a vivência dos alunos, e os mesmos participaram ativamente, até mesmo o Club do Bolinha. Contudo, ao término da aula, a turma sorridente, agradeceu a Marte, e disse que sua aula poderia substituir as da professora Fernanda Militão, pois segundo eles, as aulas eram chatas, monótonas e sempre se remetiam aos contextos históricos, enfatizando-os como se fosse uma aula de história.

Dias depois, a professora Fernanda Militão em conversa com Marte, contou que ficou surpresa com o comportamento da turma e que as mesmas adoraram a aula dada por Marte. Ao longo da conversa, Fernanda Militão contou para Marte que sua formação era em História, e a partir daí, Marte foi capaz de entender o porquê de a turma ter esse comportamento, pois as aulas de Geografia, na verdade estavam virando aulas de Histórias.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Eu, meu projeto e eles

Era um grande desafio, tentar fazer com que a turma inteira interagisse com a proposta que tínhamos levado, no começo, meus olhos transpareciam medo, de que algo  não desse certo, mas tinha ao meu lado grandes companheiros que me passavam muita segurança. Então, preparamos um grande projeto enchemos o peito de esperança e com muita ansiedade partimos para a prática. Organizamos a ordem de quem ia apresentar o projeto, e assim deu início com a amiga Ana apresentando nossa proposta, os alunos mostraram pouco interesse. A fim de tentar reverter a situação, argumentei, porém, pouco consegui. Então, uma próxima etapa viria, íamos recolher as fotos que tínhamos pedido no momento anterior, e realmente não estávamos com muita sorte, poucos atenderam e comprometeram o projeto. Resolvemos então dar um último prazo e reunimos o material que precisávamos. Com muita expectativa, aguardamos a última fase do projeto que seria a exposição do material recolhido.

            Até que chegou o grande dia, entramos na sala de aula. Era  um dia muito quente e a sala estava super lotada, como se configura o cenário da maiorias das escolas publicas. Assim então, começamos a montar todos os equipamentos para a apresentação. Entretanto, percebemos que os equipamentos não funcionavam,. Olhávamos um para o rosto do outro, com muito desespero e medo de que tudo fosse por água abaixo, até mesmo com a ajuda dos alunos, nada funcionava...  até que no meu auge de desespero, olhei para Drummond e disse: vamos apresentar mesmo sem apoio digital?. O desespero estava estampado nas faces de  todos ali. Segui o que tínhamos combinado com as mãos trêmulas e a voz embarcada apresentei as imagens recolhidas e assim foi se tornando o que parecia um fracasso um grande sucesso. A turma, inicialmente desinteressada, foi contagiada por aqueles que acreditaram e a troca de conhecimento cultural e científico acabou sendo enriquecedor e o que parecia ter um final trágico e fracassado se tornou um grande sucesso, conseguimos transformar um limão em uma limonada!

A recompensa do esforço

O que me chamou a atenção neste período de estágio em escola pública foi a constatação da grande quantidade de jovens que encaram os estudos como uma diversão, um entretenimento e não como uma porta de esperança para um futuro diferente de muitos de seus pais.
Como em toda regra têm exceções, existem também aqueles alunos que ultrapassaram os obstáculos dos Bullyings escolares presentes na vida estudantil.
Aos alunos que conseguem terminar o Ensino Médio e que logo dão continuidade aos estudos através do Enem ou vestibular, ou ingressam em algum curso técnico, têm mais chances de um futuro promissor do que aqueles que param de estudar.
Outra questão que me chamou atenção foi o fato de muitos alunos da área rural estarem estudando zona urbana graças à viabilidade de transportes escolares mantidos pela prefeitura local. Esses alunos não pagam o veículo escolar já que as escolas que eles já estudavam foram desativadas.


O Aluno que não estava lá

Durante o estágio do 7º período do curso de Licenciatura em Geografia, acompanhei várias turmas do 1º ao 3º ano. Notei vários alunos com dificuldade na matéria, mas um específico chamou minha atenção.
            Em uma das turmas do 1º ano. João ficava “voando” durante toda a aula.
Quando o professor o questionava ou solicitava sua participação, ele nunca sabia o assunto que estava sendo tratado. Nas poucas vezes em que o aluno participava, ele fazia perguntas muito abaixo do esperado para o nível da turma.
            Na reunião do Conselho de Classe, soube que esse aluno agia dessa maneira em todas as outras matérias, ele se desligava das aulas e não acompanhava as atividades desenvolvidas, sua participação só acontecia quando o professor solicitava. Como a turma era pequena,  contava com -  aproximadamente -  13 alunos, era fácil perceber sua falta de atenção, exigindo que o professor sempre o abordasse.

            Quase no final do estágio, eu abordei o João e perguntei o que acontecia com ele já que eu percebia que ele estava meio desligado. Ele me disse que trabalhava durante o dia e ficava muito cansado para acompanhar as aulas no período noturno.

Desventuras por um remoto controle

Em certa sexta feira pela manhã, o ponteiro do relógio marcava ainda antes das 10h, o local era a escola uma escola pública da rede estadual, o dia se apresentava com certa familiaridade, entretanto algo diferente aconteceria. E ela, uma invenção de 1954, conhecida como televisão, estaria envolvida no ocorrido.
As estagiárias chegaram todas animadas para apresentarem fotos de sua cidade, então era necessária a utilização da televisão da sala de aula. Então se iniciou a corrida atrás do controle remoto que era indispensável para dar vida ao televisor.
Busca aqui, caça ali, procura acolá e nada do controle aparecer e assim passaram-se ¼ de hora, até que Stella Lima, uma linda aluna da 2001, apresentou uma suposta solução dizendo: “Ei! Aqui na sala tem um menino que possui um celular que pode ser usado como controle remoto da televisão, deste modo podemos ligar a TV e usá-la!”. A estagiária animada logo respondeu: “Nossa Stella que boa ideia!”.
Nesse meio tempo, um tempo de aula já havia passado, pois é o tempo passa depressa e já era chegada hora do intervalo, então todos se encaminham para a área central da escola, entre conversas e briguinhas sem fundamento os 20 minutos de descanso se passaram e era chegada a hora de voltar à aula, que naquele momento era de geografia.

Mas, aí quando as estagiarias (já cansadas e sem esperança), foi então procurar o tal menino que se chamava Tiago Simeão, cadê o rapaz? Já era ouvido o som do sinal, simbolizando o fim do intervalo e nada do menino retornar. Cadê esse menino? Ele tá aonde? Gente, ele veio mesmo para a escola hoje? Essas são algumas das perguntas que saía da boca das estagiárias.
Sensibilizado com a procura do remoto controle, eis que se levanta o Pietro e pergunta: “Será que posso ir lá fora e procurar o Tiago?”, a resposta fora Sim, vai!
Eis que o Tiago é resgatado por Pietro, e então utiliza seu aparelho celular para a TV ligar. NOSSA! Naquele momento o celular parecia à salvação, a solução.
­Ufa! Logo pensaram as estagiarias, até que enfim conseguimos, mas ligar a TV não fora o suficiente para solucionar a questão.
Os alunos informaram que o uso da TV era proibido e se caso a pobre se danificasse a culpa não ia ser das estrelas, pois é ... a culpa ia ser das  estagiárias.

Nesse instante, os olhares das estagiárias se enchem de decepção. A busca pelo remoto controle havia se encerrado e a aula finalmente ia começar, não como se havia planejado, mas de forma diferente e cheia de obstáculos. Mas, no final, isso que de fato importa tudo deu certo, o controle já não estava, mas no remoto controle, o controle agora era delas.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

As aventuras de um licenciando


O final do ano de 2014 foi um tempo de momentos difíceis na escola de estágio. Pude presenciar uma situação que deveria ser fora do comum, fora do cotidiano de um professor. A princípio, poderíamos achar que se tratava de um caso isolado de uma escola pública, mas - ao dialogar com outros colegas professores - pude perceber que, ao menos, aquela situação foi básica e que outros colegas já tinham passado por coisas muito mais complicadas em escolas estaduais do Estado do Rio de Janeiro e, em especial, na Região Metropolitana.
No fim do 2° semestre, algo me chamou a atenção: após discutir na rua, um aluno foi ao dia de aula normalmente, só que de normal para mim aquele dia não teve nada. No período da tarde, fui surpreendido por uma confusão. Pessoas da comunidade entraram na escola e surraram um aluno que havia arrumado uma confusão.
Após o acontecimento, foi solicitado que a mãe do aluno fosse à escola para esclarecimento do fato ocorrido. Após alguns minutos de conversa, a diretora - que conversava com os responsáveis - foi surpreendida por um inspetor que veio às pressas avisar que os rapazes que tinham entrado na escola, estavam novamente presentes.  Só que, desta vez, eles estariam armados para "executar" o aluno. Assustados, a ação impensada ou talvez melhor e imediata a ser tomada, foi se fechar na sala da direção que era isolada por uma antessala e aguardar para que nada de mais acontecesse até a chegada das autoridades.
Foram momentos de pânico e tensão, uma vez que uma das portas já havia sido arrombada. Mediante aquela tensão, alguns questionamentos surgiram: O que fazer? Nunca fomos preparados para isso, e agora?

Alguns minutos se passaram e, não conseguindo entrar na sala e mediante a aproximação da polícia, os rapazes foram embora e a escola veio a se tornar caso de jornal.

Graças a Deus nada de pior aconteceu, mas a tensão - sem dúvidas - de aprendizado serviu.
Até que ponto isso se faz comum na vida de um professor?
Educar “somente” seria o papel do professor ou, mais que isso, devemos nos preparar e nos formar para vida e seus desafios?
Lecionar, sem dúvidas, é uma caixinha de surpresa! Um dia nunca será igual ao outro.

Gravidez na adolescência

   Ao Estagiar em uma turma do 9º ano, no ano de 2013, pude observar que uma menina de 14 e um menino de 16 anos estavam a namorar.
     Eles se encontravam no recreio (intervalo) e sempre uma amiga ficava a porta para vigiar, quando alguém aparecia no corredor ela avisava. Thiago e Cristina estavam apaixonados, ela tinha permissão da mãe para namorar, mas a diretora da escola não permitia namoro nas dependências da escola. Eles pareciam cada vez mais apaixonados, não percebiam que aquela paixão estava se tornando algo muito sério. Até que, um dia, Fabiana, a amiga, revelou para a professora que Cristina estava grávida. A moça não sabia o que fazer, pois mesmo com a permissão da mãe ela não estava preparada pra ser mãe. Pensava em fazer um aborto, mas com a ajuda da amiga e da professora, Cristina - mesmo sendo uma menina inexperiente - pode ter sua filha. Eles conseguiram terminar o ano letivo com muitas dificuldades, as notas não foram as melhores, mas sua filha nasceu com saúde e perfeita.

     A atitude da professora e da amiga foi perfeita, elas conseguiram com êxodo resolver toda a situação. Se não fosse a amiga e a professora, talvez ela tivesse feito o aborto e com certeza teria parado de estudar. O educador, além de educar, também é um psicólogo, amigo, conselheiro, companheiro, ajuda nos momentos de dor. O professor deve estar capacitado a lidar com esses tipos de situações.

GEOGRAFIA AO AR LIVRE

A atual apresentação se dá como desdobramento do relatório de estágio, desenvolvido pelo curso de licenciatura em Geografia do Instituto Federal Fluminense. No presente trabalho, será abordado um estudo de caso em forma de conto que foi observado durante o 5º período, onde foi possível notar o fenômeno da questão. Sendo esse, o primeiro entre outras expressões capturadas quando comecei a articular, por intermédio da instituição, a teoria e a prática.
Remete-se, portanto, a uma situação à qual me deparei após uma aula, cujo tema era territorialidade, ou seja, a percepção de PODER que um grupo exerce em parte do Espaço Geográfico.





          A professora de Geografia começou a lecionar e eu apenas ocupava a posição denominada estágio de observação e co-observação. Era numa turma do 8º ano do Ensino Fundamental. Foi na primeira semana de estágio, quando fui apresentada a essa turma. Percebi que os alunos eram alegres e espontâneos. Mas isso foi algo que julguei essencial sendo uma boa fluidez inicial, para uma posterior comunicação e interação. No entanto, quando eles se direcionaram para o pátio da Escola, fiquei observando a estrutura da instituição, se havia biblioteca e como era sua forma de organização. O ambiente estava rodeado por mim, até que, os alunos me reconheceram. Eles correram da quadra até a mim sugerindo que eu chutasse a bola de volta, o que me chamou logo a atenção. Havia um barulho típico de quando há um grupo jogando futebol. Por reflexo, dei um chute de retribuição. Mas alguém disse em tom de brincadeira: -“pow, perna de pau, hein!”. Quando olhei pra saber de quem era aquela voz com timbre intermediário tive uma surpresa, era da professora de Geografia! Fiquei me perguntando como seria possível, uma professora de Geografia, jogando bola com seus alunos na hora do intervalo, e ainda ser divertida... aquilo me intrigava. No mínimo curioso, uma cena atípica. Pelo menos assim a defino hoje em dia.

Mas depois me dei conta que a professora utilizava as experiências cotidianas para dar ênfase à sua aula. Pois a escola tem o papel de ensinar e instrumentalizar o indivíduo a se orientar em sua vida prática e em seu cotidiano. A disciplina de Geografia é também responsável por desenvolver um saber que ampare o indivíduo em suas demandas sociais. De modo que, é interessante como a Geopolítica Mundial pode, em pequena escala, ser observada. Assim sendo, penso que naquele momento entendi o que realmente aconteceu naquele dia: teoria e prática se encontraram de um modo surpreendente.

Um certo Djavan

A partir do 6º período, comecei a ter contato com os alunos do Ensino Médio. Desde então, notei em sala já nos primeiros encontros que tive com a turma do 1º ano do Ensino Médio, a presença de um adolescente que em meio à turma se sobressaia dada a sua estatura diferenciada cerca de 1.90m, e que todas as conversas da turma tinha como ponto de partida o Luís Gustavo de 17 anos, mais conhecido como “Djavan” devido aos cabelos longos e encaracolados, e pelo violão que gostava de tocar.

              Djavan, em todas as aulas, falava muito e buscava atenção para si, de forma que eu e o aluno da UFF - enquanto estagiários na turma - começamos a perceber que seu comportamento dificultava a aplicação da aula pelo professor que ao entrar a sala já colocava uma tabela especificando desconto nos pontos dos alunos caso houvesse algum caso de indisciplina. Normalmente essa tabela trazia a seguinte informação: menos cinco pontos. Logo, todo aluno que se comportava “fora dos padrões desejados pelo professor” tinha seu nome escrito naquela tabela indicando menos cinco pontos na avaliação.
              Certo dia, em conversa em um dos intervalos, surgiu entre nós estagiários a ideia de nos aproximarmos do Djavan, já preocupados com o nosso futuro, pois teríamos que dar aula na turma e não queríamos que fosse aplicado aquele tipo de punição aos alunos.
              Fizemos um primeiro contato em um dos intervalos e começamos adquirir confiança dele. Em outro dia, o outro estagiário lhe fez algumas perguntas, e dentre elas se o Djavan praticava alguma atividade física, ou algum esporte. Ele perguntou também quais eram as pretensões profissionais do rapaz.  Para nossa surpresa, Djavan relatou que esporadicamente jogava futebol com os amigos. Surgiu então a ideia de perguntar se ele gostaria de tentar jogar basquete, sua resposta foi que  iria tentar e, posteriormente, nos falaria.

              Interessante que Djavan passou a jogar basquete e ao longo do período que estivemos juntos sempre conversávamos, isto acontecia antes da aula, nos intervalos e, às vezes, a conversa ia além da sala de aula, nas redes sociais.
              Finalmente, chegou o dia de aplicação da aula e Djavan já estava “de bem” conosco e com a turma. A aula fluiu tranquilamente. Recentemente, em conversa com ele, perguntei se ele já tinha em mente que caminho gostaria de seguir profissionalmente. Sua resposta me surpreendeu: jogador de basquete, caso não consiga obter êxito, Professor de Geografia, logo o animei. Disse que estava surpreso pelo que ouvi, mas que seu desempenho nas disciplinas Geografia e Física são ótimos e – se por ventura escolher ser professor – será um bom  caminho.

              O que nos deixou perplexos foi ver que uma tentativa de nos darmos bem na aula que iríamos aplicar poderia contribuir para ajudar o adolescente melhorar o comportamento em sala e também levá-lo a fazer escolhas relacionadas ao seu futuro.         

Ajudo ou atrapalho?

Durante todo o período do estágio, desde o quarto período, foi possível notar a diversidade de comportamento e níveis de aprendizado presente na sala de aula. Essa diversidade do corpo de alunos revela o tamanho do desafio que o professor enfrenta ao exercer a docência. Porém, faz-se necessário destacar o desafio que o alunado enfrenta ao se deparar com colegas de sala de aula com diferentes características e capacidade de compreensão proposto em sala de aula. Pois, em uma turma de 30 alunos do 1.° ano do Ensino Médio (turma na qual foi realizada parte do estágio), existem diversos “tipos” de alunos, o que pode trazer benefícios e malefícios ao professor e aos próprios alunos: O benefício, por exemplo, realiza-se quando um aluno tímido possui uma dúvida mas não tem coragem de perguntar ao professor perante a turma, já o aluno mais extrovertido possui a mesma dúvida e pergunta ao professor e, por consequência, beneficia o colega visto que o professor explicará tal dúvida ou dificuldade. O malefício ocorre a partir do momento em que existe um aluno, ou determinado número de alunos, que atrapalham a aula, falam enquanto o professor ministra a aula, porém eles não possuem dificuldade de compreender o conteúdo proposto pelo professor. Mas, isso acaba por atrapalhar outros alunos que prestam atenção na aula e que possuem dificuldade de aprendizado. O conto a seguir enfatiza tal problema enfrentado pelo professor e alunos nas salas de aula:
Na turma do 1.° ano A existe um aluno chamado Manoel. Manoel é um aluno elogiado pelos professores, no que tange a sua inteligência e sua capacidade de compreensão. É um aluno comunicativo, simpático, extrovertido e alegre. Até aí, só elogios. Porém, quando perguntados a respeito do comportamento em sala de aula os professores dizem: - Manoel? Não para de falar um segundo. Sempre faz brincadeiras com tudo e com todos, o que faz por muitas vezes desviar a atenção da aula para ele. Durante o estágio na turma, foi possível perceber que Manoel aprende o conteúdo rapidamente e logo depois começa com as brincadeiras. Isso acarreta um problema sério, pois nem todos os alunos da turma possuem a capacidade e rapidez de compreensão que ele possui. Ele não faz os exercícios em sala de aula, e às vezes faz o de casa. Só que na hora da avaliação e seminários, Manoel atinge as melhores notas da turma em todas as disciplinas. Mas, alguns alunos sofrem com essas características de Manoel. A Ana é um exemplo disso: ela se esforça para prestar atenção nas aulas e Manoel acaba por dificultar a sua concentração. Assim, Manoel contribui de forma considerável para o baixo rendimento de Ana, que já possui problemas de aprendizado.
Manoel já conversou diversas vezes com a orientação educacional do colégio, os pais já compareceram no colégio algumas vezes ao longo do ano letivo, mas seu problema comportamental continuou. O que chamou atenção em Manoel foi a capacidade de assimilar o conteúdo rapidamente, brincar e quando o professor parava a aula para direcionar uma pergunta a ele a respeito do conteúdo, ele, na maioria das vezes, sabia responder corretamente.


O QUERIDINHO MUNDO

A escola era agradável, o dia era quente e a sala de aula era mais quente ainda. Naquele dia, durante a manhã mais ensolarada que o normal – e nem era verão, começa um burburinho na sala A. O assunto certamente era o calor e a professora, coitada, tentava levar a diante sua aula. O burburinho que começou na sala A já estava tomando conta das salas vizinhas e em pouco tempo tomou a escola por completo. Dona Lola, inspetora da escola, ficou responsável para manter os alunos em sala, porém, naquele fatídico dia D. Lola não conseguia nem mesmo manter a sua saia no lugar quem dirá os alunos. Lola, para os íntimos, muito atrapalhada, porém competente trabalha na escola todas as manhãs com um belo sorriso no rosto haja sol ou chuva. Desde o sinal de entrada até o de saída, D. Lola dá voltas e mais voltas pelo corredor e com sua voz estridente gritava os alunos para voltarem as suas salas. Meio a tanta gritaria e alvoroço, eis que Fabinho, aluno do 1º ano do Ensino Médio, volta para sua aula (A). Era aula de Geografia do professor Raimundo, mais conhecido pelos alunos como professor Mundo. Fabinho logo juntou a sua galera do “fundão” – Dinho, Marô, Nando, Lucas e Flor faziam parte da galera do “fundão” junto com Fabinho.
            Professor Mundo era o queridinho da turma, os alunos poderiam não gostar da disciplina, mas com certeza gostavam de Mundo. O tema da aula, era sobre os climas brasileiros, mas vamos pular essa parte e ir direto para a atividade aplicada por Mundo. Sempre criativo e inovador, o querido professor trouxe uma proposta diferente do normal ao sugerir que os alunos saíssem da sala de aula e fossem todos para a quadra poliesportiva da escola. Fabinho e sua turma levantaram eufóricos e bem agitados, passaram correndo por Lola quase atropelando a coitada que estava em sua rota matinal. Sem entender nada, pobre Lola, corria toda atrapalhada atrás dos alunos gritando para que os mesmos voltassem para sala. Na tentativa frustrada de agarrar o braço de Marô – a namoradinha de Fabinho, Lola levou um belo escorregão em meio ao corredor. Ela não se machucou, graças a Deus D. Lola é bem durona, sabe?! Marô, entre risos, explicou a Lola o motivo de todos terem saído da sala. – Foi o professor Mundo que pediu para irmos à quadra. O mal entendido foi explicado, logo em seguida, pelo próprio professor, assim que chegou a quadra.
            D. Lola ainda inconformada com o ocorrido questionou ao querido Raimundo:
 - Mas o senhor não dá aula de Geografia? Quer fazer o que na quadra poliesportiva? Com um sorriso sincero e um olhar furioso, o professor Mundo respondeu:
- A Geografia está em todas as partes, e a senhora é minha convidada para assistir a minha aula.
 A D. Lola avermelhou-se na hora e ficou na espreita assistindo a aula do queridinho como quem não quer nada, mas com um olhar bem desconfiado.  
            O professor Raimundo continuou sua aula e aproveitou o calor excessivo daquele dia para explicar os alunos o clima, e cá entre nós nada melhor do que ver a explicação e todo o processo acontecendo em sua volta. Durante a explicação, Fabinho e Marô não paravam de falar, e sem perder o título de queridinho Mundo pediu para Fabinho deixar de azarar a Marô durante a aula para namorar no intervalo escondidinho. Que comédia é esse Mundo, hein! A aula terminou e os alunos nem estavam doidos para ir embora. A galera do “fundão” ou do Fabinho são “fechamento” com o professor Mundo, e terminaram a aula com uma pérola digna de ser contada. De acordo com a “galera”:
- Pow prof. Geografia é mais legal que Educação Física, a próxima aula podia ser na rua.  

            Raimundo que não é bobo nem nada, aproveitou a empolgação e preparou um trabalho para a próxima aula buscando atender ao pedido da sua “galera”. Muitas vezes para fazer uma aula atrativa, ou simplesmente conseguir a atenção dos alunos é preciso muito pouco. Em um dia caloroso e alvoroçado o nosso “queridinho” saiu melhor que a encomenda.

As diferenças e o preconceito

Em uma cidadezinha lá no interior do Estado do Rio de Janeiro, cujo seus governantes são tratados no diminutivo há uma grande escola com diversas pessoas com realidades e cultura muito diferentes umas das outras. Em uma aula de Geografia do 8º ano a professora havia preparado um trabalho com eles sobre religião e danças típicas das regiões brasileiras. Três alunos tinham preparado uma demonstração do Candomblé.
Após as apresentações dos colegas, eles se preparam para suas interpretações do Candomblé. Um aluno foi tão convincente na sua apresentação que os outros ficaram com medo dele estar “possuído”. Ele vendo o medo dos colegas, começou a aterrorizar os demais nas aulas. A partir desse dia, os colegas se afastaram dele e passaram a excluí-lo das atividades em grupo.

Com isso, podemos aprender que apesar de ser uma brincadeira simulando uma religião tradicional da região do nosso país, o preconceito e a desinformação da religião, trouxe efeitos negativos na vida do aluno, assim como acontece com os adeptos do Candomblé.

Aprendendo a ensinar

Esse fato aconteceu numa escola do município de Campos dos Goytacazes, com pouco recurso didático e uma estrutura bastante deficiente se vista de perto.

Durante o estágio do quinto período, deparei-me com uma situação complicada, comovente e profundamente construtiva: Uma turma de 6º ano que não tinha professor titular com um aluno surdo com dificuldades na fala e sem intérprete. O primeiro fato levou a diretora da instituição a pedir que eu assumisse a turma enquanto estivesse na escola estagiando. Ao assumir a turma encontro esse presente, para uns seria um presente de grego, mas para mim foi uma forma de crescer enquanto profissional e ser humano.
A princípio, admito ter sido bem difícil a comunicação, já que não conhecia nenhuma palavra ou sinal desta língua, o que me obrigava a usar sinais universais, como positivo ou negativo. O “Juliano”, um mulato baixinho e de olhos bem atentos, era um aluno muito inteligente, porém com suas capacidades pouco exploradas pela ausência da comunicação. Apenas 3 colegas de sala mantinham uma boa comunicação com ele, auxiliando a todos os professores ao longo das aulas e com a explicação do conteúdo. A limitação da língua me obrigou a explorar de forma mais profunda os poucos recursos que possuía: um quadro negro e um giz branco, livro didático e a imaginação.
O quadro vivia repleto de desenhos com setas e tentativas de globo terrestre. Maçãs e celulares viraram, respectivamente, planeta Terra e Sol. Fiz caminho fundo à mesa do “Juliano”. Alguns professores relataram a melhora dele em outras disciplinas, talvez, acredito eu, que o rapazinho de apenas 11 anos na época, tenha percebido que alguém se importava realmente como aprendizado dele e não o via como empecilho ou um peso a carregar.
No bimestre que tive a oportunidade de crescer com ele, pude perceber o quanto ele aprendeu comigo. Infelizmente, com o corre-corre da vida cotidiana, não tive oportunidade de procurá-lo e saber como anda sua educação, mas posso ter certeza que para minha formação a passagem dele foi extremamente valiosa, pois por ele eu quis aprender LIBRAS e dessa forma, no mínimo, cumprimentar um aluno surdo ou mudo em sua própria língua.

Anitta e seu isolamento


Esse conto foi baseado em fatos reais ocorridos em uma escola pública do Estado do Rio de Janeiro.



Durante o estágio, eu observei que a aluna Anitta só se sentava na primeira carteira sempre e não largava um livro de romance, levando-me a crer que era uma menina muito sensível. A voz de locutora de aeroporto também muito chamava a atenção, nas raríssimas vezes que falava, já que estava sempre muito centrada na aula.  Logo nas primeiras aulas,  simpatizei com a  menina. Mas. com o passar das aulas, fui observando que existia um isolamento da mesma com os colegas e aquilo começou a me incomodar.
Até que, em certa ocasião, ao passar um trabalho em grupo, Anitta me pediu para fazer sozinha. Questionada por que, deu-me uma resposta evasiva. Ao abordar alguns grupos, verifiquei que ninguém demonstrou a menor vontade em tê-la como componente. 
Nesse dia, pude constatar que algo de muito errado ocorria. Como havia me simpatizado com Anitta, senti-me na obrigação de descobrir o que de fato ocorria.
  Aproximei-me de Anitta e tentei de forma amena, se é que se consegue abordar uma aluna de 16 anos dessa forma, e questionei a mesma se algo de errado ocorria entre ela e a turma. Ela disse que não e afirmou que gostava de fazer trabalhos sozinha, pois assim se sentia mais a vontade. A resposta dela não me convenceu e continuei minha busca, fiz alguns questionamentos a alunos da turma e, para minha surpresa, descobri o que provalvemente imaginava e não queria admitir. Contaram-me que, no ano anterior, Anitta foi flagrada no banheiro masculino fazendo sexo oral. A informação soou como uma bomba para mim. Perguntava-me como lidar com aquela situação, como fazer Anitta ser aceita no grupo social de novo. Ouvi diversos relatos de outros alunos que até acreditavam que a mesma nunca mais fez aquilo, mas todos confirmaram que era verdade. Razão pela qual ficou evidente para mim porque ela não era aceita nos trabalhos em grupo.

            Tomei coragem e fiz uma abordagem mais direta a ela, apesar de confirmar o fato, disse que não foi com ela. Entendi que era uma forma de me dizer que era tudo verdade, ela me disse que era uma amiga muito próxima dela e ficou tudo na conta dela. Perguntei-a por que sua amiga não saiu da escola, ela disse que era a escola perto da casa da amiga, outras seriam muito longe.

Agora levo a todos meu grande questionamento:
Como fazer com que a turma volte a interagir positivamente com Anitta?