terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

As aventuras de um licenciando


O final do ano de 2014 foi um tempo de momentos difíceis na escola de estágio. Pude presenciar uma situação que deveria ser fora do comum, fora do cotidiano de um professor. A princípio, poderíamos achar que se tratava de um caso isolado de uma escola pública, mas - ao dialogar com outros colegas professores - pude perceber que, ao menos, aquela situação foi básica e que outros colegas já tinham passado por coisas muito mais complicadas em escolas estaduais do Estado do Rio de Janeiro e, em especial, na Região Metropolitana.
No fim do 2° semestre, algo me chamou a atenção: após discutir na rua, um aluno foi ao dia de aula normalmente, só que de normal para mim aquele dia não teve nada. No período da tarde, fui surpreendido por uma confusão. Pessoas da comunidade entraram na escola e surraram um aluno que havia arrumado uma confusão.
Após o acontecimento, foi solicitado que a mãe do aluno fosse à escola para esclarecimento do fato ocorrido. Após alguns minutos de conversa, a diretora - que conversava com os responsáveis - foi surpreendida por um inspetor que veio às pressas avisar que os rapazes que tinham entrado na escola, estavam novamente presentes.  Só que, desta vez, eles estariam armados para "executar" o aluno. Assustados, a ação impensada ou talvez melhor e imediata a ser tomada, foi se fechar na sala da direção que era isolada por uma antessala e aguardar para que nada de mais acontecesse até a chegada das autoridades.
Foram momentos de pânico e tensão, uma vez que uma das portas já havia sido arrombada. Mediante aquela tensão, alguns questionamentos surgiram: O que fazer? Nunca fomos preparados para isso, e agora?

Alguns minutos se passaram e, não conseguindo entrar na sala e mediante a aproximação da polícia, os rapazes foram embora e a escola veio a se tornar caso de jornal.

Graças a Deus nada de pior aconteceu, mas a tensão - sem dúvidas - de aprendizado serviu.
Até que ponto isso se faz comum na vida de um professor?
Educar “somente” seria o papel do professor ou, mais que isso, devemos nos preparar e nos formar para vida e seus desafios?
Lecionar, sem dúvidas, é uma caixinha de surpresa! Um dia nunca será igual ao outro.

2 comentários:

  1. Os índices de violência estão crescendo na nossa cidade. O município de Campos dos Goytacazes encontra-se com a média de um assassinato por dia em 2015. Esta violência tem atravessado os muros da escola. Pais professores e alunos estão assustados com a violência escolar e tentam encontrar suas origens. Segundo Concepción Villanueva existem quatro dimensões que explicam a violência juvenil ( VILLANUEVA, 2010). A primeira dimensão seria a grupal. O jovem busca se enquadrar em um grupo, criando um sentimento de pertencimento e reproduzindo as características que o grupo valoriza, como ações violentas por exemplo. A segunda dimensão seria a da Identidade Social, esta identidade não seria criada ao acaso mas construída pelas experiências sociais que o jovem vive. Assim vivendo em um ambiente violento, o jovem tende a construir uma identidade social que encara a violência com naturalidade. A terceira seria a dimensão ideológica aqui compreendida como um conjunto de crenças sociais compartilhadas por um grupo (VAN DIJK, 1998). Os jovens principalmente das comunidades mais carentes observam as relações de poder que gangues e facções criminosas exercem no lugar onde vivam, criando uma relação de admiração para com esse grupos e estabelecendo uma ideologia de violência. A quarta dimensão apontada pela a autora seria a dimensão do imaginário, que dota de certo sentido as experiencias vividas ampliando as sensações de rivalidade e competição. Avaliando estas dimensões é possível compreender o aumento da violência em nossas escolas. Reunidos em grupo, os alunos buscam se firmar no grupo e estabelecer sua identidade, com a violência presente em seu cotidiano, estes grupos são movidos por uma ideologia de violenta e rebelde maximizada pela dimensão do imaginário que hiperdimensiona as rivalidades entre grupos de alunos, ou entre alunos e professores. Segundo a professora Jussara de Barros em relato ao site Brasil Escola, a escola precisa criar um ambiente mais democrático, participativo e inclusivo que traga para o processo de construção da não violência professores, pais, alunos e comunidade.

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  2. Creio que a escola deveria estar preparada para esse tipo de situção, e os professores deveriam estar capacitados para agir neste momento. No caso da escola a mesma deveria ter sergurança com monitoramento das pessoas que entram e saem deste ambiente. No caso dos professores e dos alunos os mesmos deveriam ser preparados com curso e palestras para saberem se comportar em tal situação.
    Conforme rege na Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990, Art.70 – A – III “ A formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento das competências necessária à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente”.
    O papel do professor não deve limitar-se ao ensinamento de conteúdos programáticos, mas também aos problemas sociais que aparece no espaço escolar, e fora dele, dando agregação de valor a cultura do corpo discente. Conforme citado por TIELLET, no texto “ Conflitos e Violências em escolas públicas estaduais numa região de fronteira, cáceres ​MT: A percepção dos professores”, a autora afirma que: “ as possibilidades de controle e redução da violência na sociedade comtemporânea deve ter o auxílio da escola, não na perspectiva de lhe atribuir mais funções, mas o cumprimento das funções para as quais a escola foi criada, que não se limita somente a escolarização mas também a formação de homens e mulheres para pensar e viver em sociedade e exercer sua cidadania.
    Conforme rege na Lei 8.069, de 13 de Julho de 1990, Art.70. “ É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente”.

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